segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Dia a dia no Abrigo de Menores







A rotina dos educandos do Educandário 25 de Novembro era: Escola pela manhã ou à tarde na Escola Básica Padre Anchieta. alguns internos estudavam em outras Escolas ou Colégios da cidade. Havia estudo dirigido, fazer os trabalhos da escola ou mesmo ter algum reforço no aprendizado. Aulas de religião, Aulas de artes: Artesanato, pintura, desenhos, etc. Trabalho na horta, limpeza dos pátios. Futebol... Era muita coisa. Diversão havia muita. Sempre estávamos com tempo para brincar, ir até a ponta do coral catar ostras e comer ali mesmo, cozidas em fogo a lenha mesmo. Pescávamos, nadávamos... Era tudo muito divertido. O que mais me lembro era das brincadeiras de pega-pega no alto das árvores de seringueiras. a gente pulava de um galho para o outro com a maestria de um "macaco". Nunca cai... Bom, cai sim, mas foi de um coqueiro. Próximo do pátio da 4ª turma (semi-internos), logo após a cozinha e aos fundos da enfermaria, havia uma escadaria com uns dois ou três degraus, mais parecia uma arquibancada, pois em frente havia as quadras de vôlei, basquete e o campo de futebol à direita. Bem, ali, entre essa escadaria havia uns dois ou três coqueiros altos, e quando um dos galhos ficava próximo do solo usávamos com "corda de balanço" e nos jogávamos ao ar, e dávamos aquela volta quase que completa pelo coqueiro a uma boa altura. Claro que o galho quebrou e eu me quebrei no chão: Um mês de gesso no braço. Lembro-me dos abacateiros, que eram muitos. Das bananeiras, que também eram muitas. Quando chegava a época de abacate, nós os escondíamos pelo bananal, fazendo as chamadas "minas". Eram deixados escondidos para que amadurecessem. Claro que sempre havia um ou outro educando que descobria uma das "minas". Sempre havia perda. O mesmo acontecia com as bananas. Era muito divertido.. Na verdade escondíamos de tudo, e sempre nos esquecíamos os locais dos esconderijos. Eu uma vez encontrei uma sandália katina surf e um tênis Ki-chute. O Tênis ki-chute era o tênis oficial que usávamos para tudo. Ele era muito bom. Era um tênis de lona negra emborrachado, com travas do tipo chuteira, mas feitas com a mesma borracha negra. Era muito bom; eu gostava muito desse tênis.


Estas fotografias são dos menores do extinto Abrigo de Menores - Educandário 25 de Novembro, que em 1980 foi destruído em um incêndio criminoso.

Em 1975 foi criada a FUCABEM - Fundação Catarinense para o Bem Estar do Menor. A congregação Marista é afastada da administração do Abrigo de Menores, que passa a ser denominado "Educandário 25 de Novembro".

Eu fiz parte dessa instituição que atendia menores carentes. Entrei em 1977, e permaneci até 1982.

Mesmo após o incêndio ocorrido no dia 30 de março de 1980, o Abrigo de menores ainda permaneceu atendendo seus internos. Aqueles que estavam em condições de retornar ao seu lar foram desligados do Educandário. Em 1982 foram transferidos para a cidade de Palhoça, para o Centro Piloto, futuro Centro Educacional Dom Jaime de Barros Câmara. O que restou do antigo abrigo de menores foi demolido algum tempo depois. Parte dele ainda existe no bairro Agronômica. Resta a frente do prédio, onde hoje funciona o juizado de menores e a cidade da criança.


Sou um saudosista!






Acervo da Casa da Memória. 
Cedida por Alzemi Machado.

Meu e-mail: djalmo65@gmail.com

No lado direito da página há os links para você ver os álbuns de fotografias e fazer o download.

 Há livros disponibilizados sobre o assunto para download. 

Ingressei no Educandário 25 de Novembro em 03/03/1977. Antes de ingressar no Educandário eu estava em adaptação no CRT; entrei no final de 1976.

Minha matrícula era 1658. Fui desligado no dia 26/01/1982.

Escreva algo sobre sua vida no Abrigo de menores.

Caso tenha fotografias que as queira compartilhar, digitalize-as e as envie para o meu e-mail. As mesmas serão postadas no site de fotografias.

Minha carteirinha de saúde do Educandário 25 de Novembro.







[EDIFÃ CIOS+8088.jpg]


Marcelo da Silva, meu irmão e ex abrigado, faleceu de câncer em 2018, e foi sepultado no cemitério São João Evangelista, na cidade de Biguaçu.






Certidão abandono expedida pelo Juiz